segunda-feira, janeiro 28, 2008

Sem nome ainda, parte 6

E a trama segue, o maior sucesso da internet depois de Jeitosinha, mas Ordinária! Nessa penúltima parte, um momento mais vogal, mais um esclarecimento sobre o personagem sem nome (tanto quanto o conto).
Caminhando para o fim a trama segue, espero que estejam curtindo. Um grande abraço e até semana que vem.

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"Ela era linda. Não como capas de revista, mas uma beleza única e absoluta.
Deveria trabalhar na ONU, costumava pensar consigo. Seria ótima diplomata. Nenhum tratado de paz ou acordo de desarmamento deixaria de ser assinado com aquele sorriso por perto.
Suas mãos eram macias. Segurava suas mãos enquanto andavam, não para indicar posse, marcar território, mas porque simplesmente precisava daquele calor.
Seu corpo... Não tinha frio que continuasse, desespero que sobrevivesse e desejo que não fosse aplacado.
Tinha a palavra certa para os piores momentos e o sílêncio para as melhores horas. Conversavam horas sobre os assuntos mais incomuns. Ouvir sua voz era uma dádiva suprema.
Costumava observá-la dormindo. E eram nesses momentos que se declarava: 'Te amo', sem eufemismos, mascaramentos ou desvios.
Ela não teria reclamado da falta de manifestações de estima se pudesse ouvir enquanto dormia. Também não reclamaria da falta de atenção se pudesse ver quanto tempo ele gastava olhando sua foto.
Ela sentia falta de seu carinho, de sua atenção.
Se ele conseguisse se expressar, falar, ou mesmo escrever o que sente não teriam terminado...
Mas tinha acabado e não iria voltar."

(Continua...)

sábado, janeiro 19, 2008

Sem nome ainda, parte 5

Caros,

Quinta parte do texto, agora com mais tempo livre quem sabe eu escrevo mais? "Há males que vêem para bem" ou ainda "O que não tem solução solucionado está" ou ainda novamente "Para de reclamar e toca a vida".

A trama caminha para o fim, as coisas começam a tomar um rumo mais certo, no que dará esse hepta-conto?

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"Uma carteira de qualidade média, escura, um pouco desgastada pelo tempo com algumas linhas desfiadas. Seus plásticos estavam começando a se soltar. O dinheiro não era farto, o suficiente para o almoço do dia. Havia um talão de cheques, fino e desgastado pelo uso ocasional.
Poucos cartões o convidavam ao consumo.
Haviam também propagandas de eventos que ele não iria, cupons antigos que por descuido não foram para o lixo, alguns papéis bancários e seu documento de identidade. O documento era bem antigo e parecia já ter curtido mais do que devia a vida.
Haviam alguns papeis, pedaços de folhas de caderno, papéis de carta coloridos, guardanapos cuidadosamente dobrados. Os mais antigos eram mais coloridos e mais preenchidos com corações cuidadosamente desenhados e frases como 'Eu te amo', 'Nos seus olhos encontro a paz que procuro', 'No frio da noite, seus braços são tudo o que preciso para me manter aquecida', 'Te quero'.
Uma outra leva de papeis era mais séria, menos colorida e sem desenhos. As frases também eram diferentes: 'Doi amar sozinha' e 'A porta do coração só pode ser aberta por dentro. Me deixa entrar'.
Havia um retrado de uma moça de belo sorriso e olhar vivo em um cenário colorido abraçada a ele igualmente iluminado como nunca mais acreditou poder ser."

terça-feira, janeiro 15, 2008

Sem nome ainda, parte 4

Caros!

Segue abaixo um pouco mais da história que comecei a contar ano passado. Depois de conhecer "a caixa", "a pessoa" e "a labuta" agora é a hora de conhecer um pouco da família. É muito gostoso sentir que tem gente curtindo o texto que não tem como é um pedaço, um filho meu. Tá bom que a totalidade preferiu falar diretamente comigo ao invés de deixar comentários no blog, fico feliz de todo jeito.
Novamente deixo um abraço, vamos para o texto e como sempre, divirtam-se!

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"Enquanto ainda morava com eles, acordava cedo e saia calado. Encontrar alguem não era algo que lhe dava prazer.
As conversas entre familiares eram poucas e monótonas. Ocorriam de duas formas: ou a conta gotas em intervalos de programas medíocres ou em enchurrada sob forma de monólogo acusativo.
Não sabia o que era refeição em família, pois sempre que possível evitava encontrar os demais moradores.
Patriarcal, machista e intragável eram algumas palavras adequadas para descrever. Luxuosa era um termo interessante também, mas tão cheio de adornos era quanto vazia de respeito. Repleta de enfeites caros e decoração requintada, como se para disfarçar a pobreza de espírito.
O convívio era um tormento. 'cala a boca', 'Faça o que mando', 'o que você quer não interessa' possuiam uso tão constante que seria eficiente numerá-las e simplesmente referenciá-las.
Outras pessoas menos desgraçadas vêem o lar como lugar de descanso, um ponto de apoio no inferno da vida real. Lá não era assim, os melhores lençois não traziam sono revigorante, os talheres de prata não faziam a comida descer macia, o caríssimo sofá não servia de apoio.
Com isso decidiu sair. Abandonar quem nunca esteve junto...
Sem preparo, sem apoio, sem escolha.
E assim saiu. Despertou lágrimas irônicas. Colocou em sua mala roupas simples, pois moda também não era o seu forte, seus livros, pois desses sentiria falta, e sua carteira em cima do criado que não era mais seu. "

(Continua...)

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Sem nome ainda, parte 3

Como assim já rolando atraso? Semana corrida cheia de Cha cha e emoções!
No mais um grande abraço e espero que curtam a terceira parte em 7 desse primeiro conto!

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Era um trabalho burocrático: carimbos, assinaturas e fluxogramas gerenciais eram comuns no seu dia a dia. Não se sabia de onde vinha o serviço, além das mãos que os traziam, nem para onde iam, além das caixas onde eram depositados.
Se era para assassinato de um prestigioso humanitário ou a verba para a fundação de uma creche para crianças carentes não se sabia, era apenas um elo numa interminável corrente.
Chegava as 8:00, ia embora as 18:00, sem espectativas de crescimento, de reconhecimento. Era um número num arquivo imenso de funcionários, um ser num dos inúmeros cubículos do seu andar.
As paredes de seu andar eram cheias de frases motivacionais, estatísticas de produtividade que não lhe faziam muito sentido e uma folha com os aniversariantes do mês, embora nunca tenha ouvido cumprimentos de aniversário. Bastava saber que se estivessem abaixo de um outro número, um dos números da corrente seria trocado.
Não trocavam muitas palavras entre os números dos cubículos, só o mínimamente necessário para seguirem o serviço. "Resolve isso até 14:00" isso para os novatos, enquanto eles não entravam no esquema "Amanhã, 10:00".
No começo de cada mês recebia o seu suficiente contra-cheque. Suficiente para pagar as contas agora que não podia mais querer contar com o apoio de sua família.

(Continua...)