domingo, julho 22, 2007

Haroculando: Harry Potter não será top na lista de mais vendidos do NY Times...

(Esse posto foi inspirado diretamente em e com fatos traduzidos de: http://www.huffingtonpost.com/michael-giltz/why-harry-potter_b_57099.html)

E digo mais...
Harry Potter and The Deadly Hallows (Harry Potter e as Relíquias da Morte em português) nem chegará ao top 10 de vendas do New York Times, aposto uma cerveja nisso.

Não, não estou jogando praga no maior sucesso de vendas do ramo literário que tenho conhecimento. Muito antes pelo contrário, ou não. Tenho muita convicção de que os seguidores de Dumbledore vão na primeira semana vender mais do que alguns meses de outros tops, minha ajuda já foi dada, segunda feira chega minha cópia.

Descobri que o bruxo adolescente não entrará na lista de livros mais vendidos no NYT por conta de uma regra que o mesmo introduziu proibindo a entrada de livros infantis no seu ranking.


(Hermione se entregando ao alcool e outros vícios dos Muggles ao descobrir que não entrará no top 10)

Tudo parece ter começado em 2000 quando o pessoal de Hogwarts atingiu o topo da badalada lista. Os escritores "mais sérios" se sentiram ofendidos e possivelmente pressionaram para que a lista apenas incluísse os livros "sérios". Afinal chegou a ter 3 livros da série no top10!

Eu não veria problema em separar a lista. Criar uma lista para livros adultos, uma infantil e manter uma lista geral. Mas simplesmente ignorar os livros infantis, que são sérios, pelo menos ao meu ver muito mais que Paulo Coelho (essa alfinetada gratuita foi patrocinada por R.H.), é um problema para a credibilidade da lista e pode trazer conseqüências negativas ao mercado literário infantil.

Imagine no começo, Harry, Hermione (ai ai... grande futuro essa guria tem) e Ron ainda não apareciam na lista. De repente Severus Snape (Ainda acredito em você!) aparece na lista. Só de estar nessa lista já garante algumas reportagens analisando o conteúdo, propaganda gratuita e bem vinda, é fato. Divulgação essa que se não foi decisiva para o sucesso do Sirius Black, certamente contribuiu para o sucesso do livro.

E como sucesso puxa sucesso, até que ponto a ausência nessa lista não estaria dificultando ou mesmo impossibilitando o aparecimento de outros fenômenos literários "não sérios"? Afinal HP tem hoje toda mídia espontânea que precisa mas e no começo? Conspiração para o pai da Luna investigar. Aquele-cujo-nome-não-deve-ser-digitado deve estar atrás disso...

Hoje chega o meu livro!

*****

Nota rápida sobre o panamericano 2007: O Brasil está como terceiro colocado no ranking de medalhas, perto de Cuba. Será que dá tempo de passar Cuba?
Exagero? Somos o segundo em quantidade total de medalhas e primeiro em bronze.

Um comentário:

marcotmarcot disse...

Ah, Haroldo, não gosto muito dessa coisa de livro mais vendido não, cara. É uma produção desenfreada — aliás, como toda a produção material do nosso sistema — e principalmente desnecessária, uma vez que daqui há poucos meses a grande maioria desses livros produzidos, para não dizer todos, se transformarão em enfeite de prateleira. Sim, isso acontece com qualquer livro, mas com os mais vendidos o problema cresce exponencialmente: eles vendem muito mais do que os outros livros, naturalmente, e geralmente se trata de um livro que desperta pouco ou nenhum interesse depois da época de seu lançamento. Não imagino ele sendo trabalhado em algum vestibular por exemplo, algo que faria com que os exemplares antigos fossem reutilizados.

Acho que por trás dessa busca pelos livros está o desejo de consumo, e na lista dos mais vendidos, um reflexo da idéia de que o que vende mais é melhor. É a típica situação do sujeito que pergunta qual é o melhor livro que o vendedor tem na livraria e ele olha na lista dos mais vendidos, quem está no primeiro lugar da semana e diz: A Menina que Roubava Livros. Não, não é Machado de Assis, ou Guimarães Rosa ou Carlos Drummond. É esse, A Menina que Roubava Livros.

O que eu acho mesmo é que quem deveria comprar livros deveria ser apenas as bibliotecas, e os leitores pegariam lá e devolveriam para outras pessoas poderem ler também. Numa situação próxima, as pessoas muito fissuradas comprariam para poder ter o prazer de ler antes dos reles mortais, e depois doariam para as bibliotecas para que outras pessoas pudessem ler. Eu não gosto da idéia de biblioteca pessoal, aquela estante cheia de livros, que muitas vezes o dono nem leu, na sala de estar, para entreter as visitas.

Bem, sobre o PAN, eu também não gosto muito não, mas não consigo criticar muito além do que já é falado normalmente: que esse tipo de evento estimula o (argh) patriotismo (argh), entre outras coisas. Mas no caso do PAN no Rio, essas duas notícias do único meio de comunicações sério que eu conheço me fazem querer muito que ele nunca tivesse acontecido: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/07/387785.shtml e
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/06/386695.shtml .