segunda-feira, dezembro 15, 2008

Eu te apago.

Ah, o lirismo...
Poetas metidos a besta, se metem a deuses com poder de dar imortalidade a sentimentos que por si só são efêmeros. Embalados por fúria, amor, uma calma bucólica, talvez uma alegria incontestável buscam aproveitar, eternizar, como um fotógrafo, momento únicos. Muitas vezes seus, muitas vezes de outrem, quem sabe de outro?

Como um Teste de Rorschach escrito, a poesia tem a interessante capacidade de revelar um pouco de cada um, seja de quem escreve, seja de quem lê.
Se deixe revelar...

*****

Eu te apago
Cada traço escrito, cada memória dolorida
Cada barraco erguido, cada sonho destruído
Eu te apag
Cada jeito forçado, cada dogma rompido
Cada abertura dada, cada abertura invadida
Eu te apa
Cada vela acesa, cada lágrima presa
Cada carta enviada, cada baile frustrado
Eu te ap
Cada explicação repetida, cada entendimento adiado
Cada soco trocado, cada poesia corrigida
Eu te a
Cada exigência inquestionável, cada pedido ignorável
Cada mentira contada, cada invasão flagrada
Eu te
Cada promessa forçada, cada promessa quebrada
Cada apoio oferecido, cada chute recebido
Eu t
Cada vidro quebrado, cada chamada desligada
Por que no final só teve uma pessoa em quem pude contar.
Eu...

2 comentários:

Bel disse...

É poeta também? Gostei do seu texto. =)

obs: é a Bel do concurso.

Haroldo Lage disse...

Que bom que gostou Bel!
Beijos para vc e como sempre boa sorte para nós!
Obs: Pela foto dá para ver, afinal ao contrário de certas pessoas eu reconheço ao vivo eheheheh